Também conhecida como cancerosa, cancorosa, espinheira-divina, espinheira-de-deus, salva-vidas, sombra-de-touro, erva-cancrosa e erva-santa¹.
CARACTERÍSTICAS BOTÂNICAS: Maytenus ilicifolia é uma planta arbórea, arbustiva ou subarbustiva, nativa da mata atlântica, podendo atingir até 10 m de altura, com casca lisa, apresentando folhas pequenas, lisas, esverdeadas e espinescentes (com espinhos). Suas flores são brancas e os seus frutos são pequenos e vermelhos. A espécie pode ser cultivada por plantio direto de suas sementes em canteiros, preferencialmente em local com pouca incidência de sol². Deve-se atentar à identificação botânica correta pois muitas espécies vegetais podem levar à confusão pelo nome popular “espinheira-santa”. Devido à destruição do seu habitat natural e extração indiscriminada é uma espécie em risco de extinção.
USO POPULAR: M. ilicifolia é uma planta utilizada na medicina popular como cicatrizante, vulnerária, antisséptica, analgésica, antineoplásica, antiespasmódica, digestiva, sendo usada contra hiperacidez e ulcerações do estômago.
INFORMAÇÕES CIENTÍFICAS: HU: Apenas três estudos clínicos com pouca qualidade metodológica e baixo número amostral foram realizados até o momento. O primeiro foi realizado em sete voluntários sadios (fase I), durante 14 dias, não sendo observado nenhum evento adverso que pudesse ser associado ao uso da planta³. O segundo foi realizado em pacientes portadores de dispepsia alta ou úlcera péptica (10 pacientes no grupo tratado e 10 do grupo placebo), sendo que as cicatrizações aconteceram nos dois grupos, com grande perda de seguimento, sem diferença estatística. Apenas houve melhora na sintomatologia, que é um desfecho subjetivo4. O último estudo, também datado dos anos 1990, não verificou atividade do extrato sobre Helicobacter pylori, quando testado em10 pacientes5.
OBSERVAÇÃO DO USO CLÍNICO EM FLORIANÓPOLIS: A infusão preparada com as folhas da M. ilicifolia tem boa resposta quando utilizada em afecções de boca (gengivite, afta e após procedimentos odontológicos). Esta espécie também pode ser associada à erva-santa (Aloysia gratissima) em distúrbios estomacais, azia e gastrite.
Uso Regulamentado: Uso oral no tratamento de dispepsia (distúrbios da digestão), azia e gastrite. Coadjuvante no tratamento episódico de prevenção de úlcera em uso de antiinflamatórios não esteroidais.6
MODO DE USAR
Uso interno: Infusão preparada com 1 colher de sobremesa das folhas secas ou até 6 folhas frescas rasuradas para 1 xícara (200 ml) de água fervente, após abafar por 15 minutos, ingerir
até 3 vezes ao dia por no máximo duas semanas.
Uso externo: emprega-se a infusão em forma de compressas, banhos, bochechos e gargarejos. M. ilicifolia pode ser associada com a espécie Erva Santa (Aloysia gratissima) para tratamento de úlceras gástricas com o uso interno da infusão preparada 1 xícara de água fervente com até 4 folhas frescas de cada planta até 3 vezes ao dia por no máximo 15 dias.
CUIDADOS PARA O USO DESTA ESPÉCIE
Devido à falta de estudos sobre interações medicamentosas desta espécie, o seu uso concomitante a outros medicamentos deve ser cauteloso.
Deve ser evitado o seu uso interno em gestantes, lactantes e em crianças menores de 4 anos.
Outras espécies conhecidas como “Espinheira-santa”.
Várias plantas são comercializadas em feiras livres com o nome popular “espinheira-santa”. A espécie Maytenus ilicifolia é confundida com as espécies Sorocea bomplandi Bailon (Moraceae)7, Maytenus aquifolium Mart. (Celastraceae)8 e Zolernia ilicifolia (Fabaceae)9.
O largo emprego popular destas plantas têm atraído o interesse de pesquisadores, contudo o uso seguro e a eficácia destas espécies ainda não estão bem estabelecidos. Estudos recentes já tornam possível a diferenciação macro e microscópica, além da caracterização por marcadores químicos, para a correta identificação das espécies7,8.
Deve-se ter cautela com o uso concomitante a anticoncepcionais10.
O especialista em plantas medicinais Alesio dos Passos Santos comenta sobre a espinheira-santa.
Referências
1- LORENZI, Harri; MATOS, Francisco José de Abreu. Plantas medicinais no Brasil: nativas e exóticas. 2ª edição. Nova Odessa, Brasil: Instituto Plantarum de Estudos da Flora Ltda, 2008. Páginas 211-212. 2 - BACKES P., Árvores do Sul: guia de identificação e interesse ecológico. As principais espécies nativas sul brasileiras. Rio de Janeiro: Instituto Souza Cruz, 2002.
3 - CARLINI, E. A.; FROCHTENGARTEN, M. L., Toxicologia clínica (Fase I) da espinheira-santa (Maytenus ilicifolia). In: (Ed.). Estudo de ação antiúlcera gástrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia "espinheira-santa" e outras. Brasília: CEME – Central de Medicamentos, 1988. 67-73
4 - GEOCZE S.; et al., Tratamento de pacientes portadores com dispepsia alta ou úlcera péptica com preparações de espinheira-santa (Maytenus ilicifolia). In: (Ed. Estudo de ação antiúlcera gástrica de plantas brasileiras (Maytenus ilicifolia "espinheira-santa" e outras). Brasília:CEME– Central deMedicamentos, 1988. 75-87.
5 - COELHO, L. G. V.; ANDRADE, A. M.; CHAUSSON, Y. et al. Maytenus ilicifolia ("Espinheira santa"), peptic ulcer and Helicobacter pylory. Gastroenterolologia Endoscopia Digestiva, 13, p. 109-112, 1994.
6 - BRASIL; MINISTÉRIO DA SAÚDE DAGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Resolução de Diretoria Colegiada: RDC nº. 10, de 9 de março de 2010. Dispõe sobre a notificação de drogas vegetais junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e dá outras providências. Diário Oficial da União, 2010.
7 - SANTOS-OLIVEIRA, R. et al., Revisão da Maytenus ilicifolia Mart. ex Reissek, Celastraceae. Contribuição ao estudo das propriedades farmacológicas. Revista Brasileira de Farmacognosia,
19(2b), 650-659.2009.
8 - JACOMASSI, E., Morfo-anatomia comparativa, caule e folha, de Maytenus ilicifolia, Maytenus aquifolia (Celastraceae) e Sorocea bonplandii (Moraceae). São Paulo, 89 p. Dissertação de Mestrado, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho. 2000.
9 - ALBERTONl, M. D., Investigação fitoquímica de Zollernia ilicifolia (Brongniart), Vogel (Fabaceae): contribuição ao controle de qualidade de espinheira-santa (Maytenus spp.). Dissertação mestrado profissional Universidade Federal de Santa Catarina, Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Farmácia. 2001.
10 - FELTEN R. D., et al., Interações Medicamentosas Associadas a Fitoterápicos Fornecidos Pelo Sistema único de saúde. Revista Inova Saúde. Criciúma, vol. 4, n. 1, jul. 2015.
11 - FLORIANÓPOLIS (SC). Secretaria Municipal de Saúde.Guia de Plantas Medicinais de Florianópolis. 2019
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